Urologia não é só coisa de homem

A urologia é uma especialidade central para, por exemplo, doenças que envolvem cálculos renais, dificuldades urinárias, infecções urinárias, tumores urológicos e infertilidade. E tais patologias acometem ambos os sexos e se distribuem entre todas as faixas etárias, das crianças aos idosos.

Antes conhecida apenas pelo tratamento de doenças venéreas, essa especialidade médica avançou enormemente nas últimas décadas. A urologia moderna transcende e divide áreas fronteiriças com outros campos da medicina.

Um exemplo interessante é a história do Viagra, a priori dedicado para o tratamento da impotência sexual. Eis que a urologia descortinou a relação entre a disfunção erétil e as doenças cardiovasculares, tais como hipertensão, colesterol etc.

Isso consolidou o conceito de que homens com impotência sexual estão sob alto risco de infarto do miocárdio, estreitando os laços, até então inexistentes, com a cardiologia.

Desde então, os urologistas estão fortemente orientados a perguntarem sobre a vida sexual de seus pacientes, com a intenção primordial de investigar a saúde cardíaca deles.

Igualmente importante é a verificação do crescente aumento na incidência de cálculos renais (pedras nos rins) no mundo, tanto em homens quanto em mulheres. As taxas passaram de 8% na década de 1980 para 15 a 21% no início do século 21. Alguns estudos relacionam esse fenômeno à variação do clima na Terra, enquanto outros apontam para as mudanças nos hábitos alimentares.

Mas o fato é: os urologistas são os profissionais habilitados para lidar com as pedras nos rins. Em homens e em mulheres.

Igualmente, estima-se que 15% dos adultos apresenta distúrbios no funcionamento da bexiga. Eles urinam com frequência, interrompem o sono para se aliviar ou mesmo desenvolvem dores ou cólicas abdominais em decorrência de contrações frequentes do órgão que armazena o xixi.

Como a bexiga tem inervação comum com outros órgãos pélvicos – a exemplo de intestino grosso, útero e vagina –, não é incomum observar que várias mulheres são tratadas de problemas uterinos ou intestinais quando, em verdade, a causa do problema é a bexiga.

Nesse mesmo raciocínio, as infecções urinárias de repetição podem ser “apenas” a manifestação visível de problemas ocultos na bexiga, na uretra ou nos rins. Essas questões exigem uma avaliação mais aprofundada do aparelho gênito-urinário. Nessas circunstâncias, tomar antibióticos apenas retarda o diagnóstico e oculta o verdadeiro motivo das infecções.

Só quem está treinado para esse tipo de situação vai saber como proceder. De novo, tanto em homens como em mulheres.

 

 

Fonte: Saúde – Abril