A recusa alimentar gera imensa preocupação e frustração nos pais, trata-se de uma das principais queixas em consultas pediátricas. Antes de qualquer coisa, é importante entender que oscilações no padrão de aceitação alimentar são normais e fazem parte do processo de aquisição de autonomia da criança.
E a a postura da família frente à situação pode colaborar (ou não) para uma boa relação com a comida na vida adulta. Seguem seis dicas do que fazer e/ou evitar para garantir tranquilidade à mesa na infância e no futuro.
1. Mantenha o ritmo da criança
Se possível até nas férias e aos fins de semana. Um ritmo saudável prevê momentos de maior expansão, com atividades ao ar livre, por exemplo, seguidos de pausas, com prioridade para o descanso. A falta de ritmo e o cansaço excessivo reduzem a aceitação alimentar das crianças.
2. Engolir não é a principal meta
Portanto, não use a aceitação como moeda de troca para outros desejos da criança nem utilize distrativos. Muitas vezes, a recusa acontece porque ela está cansada, porque não tem necessidade naquele momento ou porque há alguma doença instalada (ou começando a dar as caras). Em resumo, o pequeno está aprendendo a ouvir seu corpo e suas necessidades. Respeite esse processo. É importante que a criança saiba o que come e perceba com quais alimentos tem maior ou menor afinidade. Engolir a comida diante de uma tela, sem saber exatamente o que está no prato, não colabora para um bom vínculo com as refeições.
3. Estimule a autonomia do seu filho
Leve-o à feira e solicite opinião na elaboração do cardápio e na escolha dos ingredientes. Depois, envolva-o no preparo: peça para lavar, separar e misturar os ingredientes, respeitando a fase de desenvolvimento em que ele se encontra. Se possível, cultive uma horta e mostre de onde vêm os alimentos. Deixe-o se servir, comer junto com a família, além de sentir o cheiro, a textura e a consistência da comida. Engolir é a última etapa da aceitação alimentar, e não a mais importante delas.
4. Refeição é mais do que comida
Mude a forma de apresentação dos pratos e torne o ambiente em que vocês comem atrativo. Comer é um evento social e cultural. Algumas crianças comem melhor perto de outras crianças, ou ainda com um ou outro utensílio. Outras gostam de rituais, músicas cantadas e ambientes lúdicos que não sejam distrativos. O crucial é que, durante as refeições, a família faça comentários positivos e reforce a importância da alimentação saudável e variada.
5. O caminho mais fácil nem sempre é o melhor
Não tente aumentar as chances de aceitação com alimentos de fácil mastigação, calóricos e processados. Para a constituição do hábito alimentar no futuro, é melhor comer pouca comida saudável, e várias vezes ao dia, do que um monte de alimentos desbalanceados.
6. Gerencie as expectativas
Crianças variam a aceitação alimentar de acordo com a idade, sendo comum, por exemplo, rejeitarem comida depois de 18 meses, já que a necessidade calórica diminui. O acompanhamento pediátrico e, se necessário, de outros profissionais como nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogo e terapeuta ocupacional, que ajuda a família a entender o que está por trás da não aceitação e diferenciar alterações fisiológicas esperadas para as diferentes faixas etárias.
Fonte: Pediatra Orienta